domingo, 24 de maio de 2009

O perigo joga ao lado


Por Leonardo Ávila e Rafael Balbueno

Você que pensa que toda atividade física só traz benefícios, e que os cuidados para uma simples caminhada são mínimos, está precisando rever seus conceitos.

O esporte sempre foi uma paixão. Na escola, desde os 11 anos de idade, integrava as equipes de vôlei e basquetebol. O ingresso na faculdade de engenharia elétrica não o afastou totalmente das quadras, porém reduziu a regularidade e o cuidado durante as atividades. Não imaginava Frederico Soares, hoje com 19 anos, que aquele passatempo absolutamente prazeroso viria a prejudicar seu corpo. “No tempo do colégio a gente tinha o acompanhamento dos professores que nos obrigavam a aquecer o corpo e alongar antes e depois dos treinos, que eram regulares, duas vezes por semana”, lembra Soares. “Depois eu engordei, passei a jogar esporadicamente e sem esses cuidados”, acrescenta. A displicência na prática esportiva já lhe rendeu três lesões sérias. Uma tendinite no ombro o deixou seis meses longe do vôlei e dois entorses no joelho esquerdo em menos de um ano – graças ao futebol - o forçaram a freqüentar as caras seções de fisioterapia e a andar com a ajuda muletas.

O estudante Eduardo Ornes, 27 anos, também sentiu na pele os perigos que o esporte amador traz, mesmo em casos de fatalidades. Em um lance casual durante uma partida de futebol com os amigos, Ornes fraturou o tornozelo e rompeu os ligamentos do mesmo. “Me contundi no dia dez de fevereiro, fiquei 44 dias de gesso, 14 de bota ortopédica e há 45 dias faço fisioterapia para recuperar o movimento integral do tornozelo”, completa Ornes.

Casos assim são bastante comuns. No consultório da Fisioterapeuta Cláudia Dornelles Fröhlich 90% dos pacientes buscam tratamento por problemas relacionados à atividade física mal executada. “A mídia fala muito em exercícios físicos no sentido de que fazem bem à saúde, e isto é verdade. Mas as pessoas acham que é só sair fazendo a atividade sem orientação alguma. O exercício traz bem-estar, a pessoa começa a querer melhorar seu desempenho... hoje ela corre cinco minutos, amanhã 10, depois meia maratona... sem preparo, orientação ou reforço muscular.”, constata Cláudia. Segundo ela, as lesões mais freqüentes são na coluna, por sobrecarga e em seguida entorses nos joelhos e tornozelos.

O acompanhamento de um profissional na realização de atividades desportivas, também é questão absolutamente defendida pelo professor do curso de Educação Física da Universidade da Região da Campanha, Helder Madruga de Quadros. “Existem os atletas de final de semana, que passam de segunda a sexta realizando outras atividades e no sábado e domingo cobram dos seus corpos muito mais do que eles podem”, afirma. “Toda vez que se planeja começar a pratica de uma atividade física com freqüência, deve-se procurar um médico para ver como está o corpo. Um hipertenso tem de saber que não deve caminhar pela manhã. Até mesmo uma garrafa de água carregada em uma mão interfere na pressão arterial”, acrescenta. O professor reitera a necessidade de se ter um grande cuidado com o corpo no dia-a-dia, realizando alongamentos durante o trabalho, por exemplo. “Um exercício mal realizado pode causar, inclusive, danos psicológicos devido à frustração”, conclui Quadros.

O traumatologista Moacir Ganguilhet Lul também atribui a maioria dos casos de lesões à falta de preparo e ao esforço excessivo.

Contudo, Soares e Ornes, citados no início da reportagem, são unânimes ao afirmar que suas respectivas experiências mudaram seus hábitos, mas não os afastarão definitivamente das “peladas”. “Ainda considero o esporte essencial para aliviar os problemas do dia-a-dia. O que ficou foi o medo de me machucar novamente, mas tenho certeza que, quando eu ficar melhor, a primeira coisa que farei é ligar para os amigos e perguntar se tem furo no time”, brinca Ornes.

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