sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Agrotóxicos contra a natureza

Por Luana Raddatz

Os agrotóxicos disseminados por cerca de 20 aviões nas lavouras de São Borja têm causado prejuízos à natureza. Denúncias de irregularidades na aplicação dos produtos são feitas por proprietários vizinhos às áreas que usam esse método de pulverização.

Segundo o engenheiro agrônomo, Darci Bergmann, a comprovação da contaminação na vegetação da região é visível com as folhas esbranquiçadas de árvores nativas e com o comprometimento do seu crescimento. O cinamomo, por exemplo, que está desaparecendo, já que o efeito é imediato e em poucos meses a planta morre. “É uma tragédia o que está acontecendo”, salienta.

O agrotóxico pulverizado fora das Normas Técnicas de Trabalho da Aviação Agrícola do Ministério da Agricultura, que considera a altura do vôo e os limites de velocidade do vento entre outras exigências, pode chegar até a cidade e causar problemas respiratórios e malformações congênitas em bebês.

O índice desses casos aumentou quase 100% de 2006 até 2008 em São Borja. A enfermeira da Vigilância Sanitária do município, Traudi Eloisa Figur, afirma que não se comprovou se o índice é devido exclusivamente à intoxicação.

As instruções que constam nas embalagens dos frascos de agrotóxicos não recomendam a aplicação de produtos a menos de 800 metros de lugares habitados e onde há atividades familiares, como pomares.


Bergmann afirma que essas condições não são seguidas corretamente na região. Entretanto, Carlos Carlotto, proprietário da Ciagro, maior empresa na área da aviação agrícola na região, garante que todos os cuidados são tomados, além de haver muita burocracia nesse negócio e ressalta a importância dessa atividade no desenvolvimento da agricultura.

Na região há exemplos de alternativas de cultivos sustentável. Silberto Grützmacher, proprietário da única propriedade que cultiva rizipsicultura, diz que adaptou o modelo de Santa Catarina às particularidades das suas propriedades e produz arroz utilizando o peixe como eliminador de insos e pragas, além de preparar a terra.

Para Grützmacher, que há oito anos utilizava apenas agrotóxicos em suas lavouras, os produtores preferem o uso dos produtos químicos pela facilidade, pois o lucro da utilização dos cultivos orgânicos não é imediato, é necessária consciência ecológica e gostar do que se está fazendo. “Já fui predador, me dei conta e agora sou preservador”, garante o produtor.

Confira outros exemplos de rizipsicultura:


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