sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Projeto que prevê mudança no sistema de cotas tem apoio

Por Andréia Sarmanho, Chaiane Gomes e Margane Escobar

O projeto de lei, aprovado no dia 20 de novembro pela Câmara dos Deputados, em relação às cotas ainda divide opiniões. Caso se torne lei, todas as instituições federais de ensino devem destinar 50% das vagas a alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas. As vagas destinadas àqueles que se declararem negros, pardos e indígenas serão na proporção da população de cada Estado, conforme o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) é a única federal do estado já adaptada à nova norma. Para o professor Geder Parzianello, docente do curso de jornalismo em São Borja, o sistema de cotas é uma forma de inclusão afirmativa, que resgata um histórico desfavorável de quem não teve oportunidades até um passado recente. “As classes sociais que, reconhecidamente, não tiveram acesso à universidade pública no passado, agora com as políticas atuais de educação no ensino superior estão podendo apostar no ingresso na universidade gratuita”, declara, acrescentando: “não é uma questão de fenótipo, não é uma questão de pele, não é uma questão hereditária: é uma questão histórico-social”.

O professor Jorge Fonseca, diretor da Escola Estadual Getúlio Vargas, de São Borja, também se mostra favorável ao novo sistema, como forma de incentivar o aluno da rede pública de ensino. “É uma forma de compensar os estudantes do ensino público e também os negros, pelo passado histórico”, opina. Acrescenta ainda um dado que se repete com muitos alunos que concluem o ensino médio: “ocorre uma inversão, já que o aluno da rede pública na maioria das vezes não tem condições de disputar uma vaga nas universidades federais. Então quem cursou escolas particulares acaba ingressando nas universidades federais, enquanto os alunos das escolas públicas tendem a cursar o ensino superior em instituições privadas, quando têm condições”.

Entre os estudantes, as opiniões se dividem. A universitária Evelise Azambuja, que cursou o ensino médio em escola privada, mostra-se contrária ao sistema de cotas. “Todos têm as mesmas condições, embora o ensino público seja, às vezes, precário. Vai também da iniciativa do aluno buscar, estudar”, acrescenta. Gabriel Caetano, que conclui o ensino médio este ano, pela escola pública, considera justo o novo sistema de cotas. “As pessoas pobres dificilmente entrariam numa universidade sem as cotas”, acredita. Em relação às cotas raciais, acrescenta que “é uma dívida que o Brasil tem com os negros, que tanto contribuíram para a história do país”.

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