quinta-feira, 10 de junho de 2010

Procura-se um artesão

Ana Marcia Caldeira Nilson
Anderson Cogo
Marlon Ortiz

Chapéu, roupas usadas... Quem quer? É difícil ler esta frase e não lembrar dos antigos caixeiros viajantes. Esta é mais uma entre tantas outras profissões em extinção.

Assim como os caixeiros viajantes que trilharam as estradas do país ao longo dos tempos, os sapateiros são profissionais que estão, aos poucos, perdendo espaço.

Jose Ajala é sapateiro há mais de 30 anos, aprendeu o oficio quando ainda era criança e hoje trabalha com dificuldade, pois é sozinho para elaborar todos os concertos de calçados que recebe. “Tenho dois filhos e nenhum quis aprender e exercer o ofício, também não tenho ajudante, gostaria que alguém soubesse executar o meu trabalho, para as próximas gerações”, completa.

O trabalho artesanal foi um meio de produção extremamente importante até Revolução Industrial. As lojas revendiam artigos feitos por artesãs que estavam começando um sistema de produção artesanal, porém, em quantidades maiores.

As costureiras também são exemplo de profissionais que estão diminuindo no mercado. Henriqueta Coelho, 85 anos, diz que começou as atividades na costura quando ainda era adolescente, e hoje mantém uma clientela de longa data. “Um cliente chega, a gente conversa, e com o tempo se forma uma amizade. Sempre que tenho um novo trabalho, seja fazer ou ajustar uma roupa, tomamos chimarrão e falamos de tudo”, relata.

Dos descendentes de Henriqueta, ninguém quis seguir o ofício, que ela adora elaborar. “Hoje em dia, os jovens só querem mexer com informática, trabalhos manuais, não necessariamente a costura, eles não tem o mínimo interesse”, relata a costureira.

Segundo Adão Mendes, de 55 anos, que tem uma sapataria e também faz chapéus, ele é o último chapeleiro de São Borja e está nessa profissão há mais de 20 anos. Ele conta que começou a confeccionar chapéus a partir do pedido de Telmo de Lima Freitas, um ilustre artista gaúcho. ”Ninguém quer aprender, é igual a outras atividades que estão terminando, nem meus filhos quiseram. Fico chateado, pois os serviços manuais vão terminar”, afirma Adão.

É em setembro que a compra de chapéus se torna mais intensa, é o que diz o Chapeleiro: “Sou bastante procurado, levo duas horas para criar um chapéu, os vendo por 60 reais, em média. A época que faturo mais é justamente na véspera da semana farroupilha”.



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