quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um novo caminho para as bicicletas

Luan Berti
Marcelo Reis
Tamela Grafolin

O artigo 255 do Código Brasileiro de Trânsito diz que conduzir bicicleta em locais não permitidos, como parques, praças e calçadas, ou guiá-la de forma agressiva, é infração média, sob pena de multa e remoção do veículo. Também é proibida a circulação de bicicletas no sentido contrário do trânsito, quando não houver ciclo-faixa nas ruas.

O problema é que, quando sete mil ciclistas (número estimado em São Borja, segundo o Departamento Municipal de Trânsito - DMT) resolvem ignorar as normas, em parte ou totalmente, o trânsito nas vias urbanas se torna ainda mais complicado e perigoso, acredita o diretor do DMT, Argeu Bogado.

“A maioria dos ciclistas desconhece as regras de trânsito. Cometem direção agressiva e fazem malabarismos nas ruas. Eles andam na contramão, se espalham pela rua, em vez de andar em fila, e ainda obstruem a passagem dos veículos motorizados”, explica Bogado.

A frota de veículos de São Borja chegou, em 2010, à proporção de um carro para cada três habitantes, segundo dados do Detran. Imagine essa quantia de automóveis se espremendo em vias estreitas, onde os principais bancos, cartórios e lojas se concentram em meia dúzia de ruas acopladas no centro da cidade. Para Bogado, a infraestrutura não acompanhou o crescimento da frota, e a cidade não está preparada para comportar adequadamente veículos motorizados e bicicletas, que passam a figurar como as principais responsáveis por acidentes em vias urbanas.

“Nestes últimos dois anos, tivemos mais acidentes com danos materiais, poucos com vítimas. Entre os acidentes com danos físicos, quase sempre é ciclista ou motociclista, que estão desprotegidos nesse trânsito conturbado”, afirma o diretor.

Para tentar desafogar o trânsito e diminuir o tráfego de bicicletas entre os veículos automotores, uma ciclovia foi projetada, através de recursos liberados pelo programa Mobilidade Urbana, criado pelo Ministério das Cidades, com o objetivo de reduzir o número de mortes no trânsito.

A ideia de se construir uma ciclovia surgiu em 2005, mas a liberação dos recursos só ocorreu em 2008, e a conclusão da obra ainda pode demorar, como explica o Diretor do Departamento municipal de Captação de Recursos, Julio Cezar Vieira: Falta abrir o processo licitatório para ver qual será a empresa que irá construir a ciclovia. Só que a assinatura do contrato só vai acontecer ano que vem, porque o ministério não pode repassar verbas durante esse período eleitoral. A partir da assinatura do contrato, o prazo é de seis meses para a empresa finalizar a obra”.

Com investimento de cerca de R$ 350 mil, a ciclovia terá dois quilômetros de extensão, na Rua Júlio Tróis, no sentido Norte/Sul, e na Rua Venâncio Aires no sentido Sul/Norte.

“A ideia é que uma rua vá e outra venha. Cada uma tenha um sentido”, explica Vieira.

De acordo com o projeto de engenharia, a ciclovia será pavimentada, terá faixa exclusiva e sinalização própria. E a utilização do espaço pelos ciclistas será obrigatória, informa a assessora do Departamento de Captação de Recursos, Gisele Siqueira: “Se o ciclista andar fora da ciclovia e se acidentar, ele não tem direito a nada. E pode ser penalizado por andar fora do local determinado. As bicicletas são consideradas meio de transporte e devem obedecer às leis de trânsito. Não podem andar contramão, por exemplo”.

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