quinta-feira, 26 de março de 2009

Intolerância ao glúten: um desafio para quem sofre com a doença

Por Andréia Sarmanho e Guilherme Veiga

Ainda que desconhecida pela maioria no país estima-se que a doença celíaca afete um em cada 600 brasileiros. Os portadores não podem comer alimentos que contenham glúten – proteína encontrada no trigo, no centeio, na aveia, na cevada e nos derivados desses cereais. Ao ingerir a mínima quantidade dessa proteína, o corpo do celíaco libera substâncias que irritam o intestino, fazendo com que ele deixe de absorver os nutrientes dos alimentos. Com isso, a imunidade cai e a pessoa, além de perder muito peso, fica vulnerável a outros problemas.

A doença pode ser detectada logo nos primeiros anos de vida, ou somente após a adolescência. “Às vezes tem um período, quando eles passam pela adolescência, sem crises. Depois, na fase adulta, voltam a ter diarréia”, explica o gastroenterologista do Hospital Ivan Goulart, de São Borja, Edgar de Matos.

Os sintomas, inicialmente, costumam confundir os pais, já que diarréia, dores no estômago e anemia são comuns em doenças mais conhecidas e menos perigosas, como infecções intestinais. Foi o que aconteceu com Patrícia Ortiz há um ano e meio, quando sua filha, então com quatro anos de idade, queixava-se de fortes dores abdominais e diarréia constante. “Ela sentia muitas cólicas e encolhia as pernas. Aí baixou hospital e não adiantou, então suspeitaram e fizeram um exame que constatou a doença”, conta Patrícia.

A doença celíaca não é temporária, e se não for tratada corretamente pode levar à morte devido ao emagrecimento constante do portador. Quando há suspeita de intolerância ao glúten, uma forma de se comprovar é deixando de ingerir o nutriente pelo período de três semanas a um mês, e depois o recolocando na dieta para saber se o glúten é mesmo o causador do mal-estar, pois os sintomas aparecem logo em seguida.

Após a comprovação, o único tratamento é a retirada completa do glúten da dieta. A nutricionista Fernanda Pedron explica que existem várias alternativas que podem suprir a ausência dos cereais que contém a proteína: “Os celíacos vivem normalmente sem ingerir os alimentos que contém glúten. Arroz, batata e mandioca, por exemplo, podem ser usados para fazer pães e bolos”.

O Ministério da Saúde obrigou as empresas alimentícias a colocarem nas embalagens de seus produtos as indicações caso contenha ou não o glúten, pois há derivados dos cereais “proibidos” aos celíacos que podem não aparecer de forma explícita até mesmo nos ingredientes do produto. Mesmo assim, geralmente a especificação da presença do glúten é de difícil localização na embalagem.

Além disso, o mercado ainda é bastante restrito, já que apresenta pouca variedade de alimentos para quem não pode ingerir a substância. Se não bastasse, a quantidade enviada a supermercados de cidades do interior é escassa e de difícil localização nas prateleiras. Sendo assim, a melhor saída é a busca de receitas caseiras com profissionais de nutrição e sites de entidades especializadas, como o da Associação de Celíacos do Brasil, a ACELBRA, que conta com algumas páginas regionais.

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