sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Projetos sociais amparam crianças pedintes em São Borja

Andréia Sarmanho, Chaiane Gomes e Margane Escobar

Em São Borja sempre foi notável o número de crianças pedindo esmola em frente aos estabelecimentos comerciais, principalmente supermercados. Buscando amenizar a situação, o Conselho Tutelar e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica) criaram o Fundo da Infância e da Adolescência, o FIA.

Segundo a conselheira tutelar Maria Martins, os recursos arrecadados pelo Comdica são destinados para projetos da cidade que amparam a essas crianças. “O principal objetivo do projeto é conscientizar a sociedade no sentido de coibir o hábito de dar esmolas em frente aos estabelecimentos comerciais”, explica ela.

Quando o Conselho Tutelar registra algum caso de crianças pedindo nas ruas, o menor é encaminhado para um Centro de Referência em Assistência Social, o CRAS, que é responsável pelo atendimento das crianças e de suas famílias. Cada CRAS é situado em uma região diferente da cidade, contando com assistente social, psicólogo e outros profissionais.

Além de orientar a família, o papel dos profissionais do CRAS é verificar se a criança está freqüentando a escola e se está havendo um comprometimento da família com a saúde do menor. Normalmente, a criança é encaminhada para uma unidade de Apoio Sócio-Educativo em Meio Aberto, as ASSEMAs. Nesses ambientes, a criança conta com reforço escolar, alimentação, oficinas e lazer, em turno inverso ao da escola. A psicóloga Iara Bittencourt lembra a importância do suporte desses projetos: “as pessoas acham bonitinho a criança buscar um troquinho pra ajudar a família, mas não é essa a função dela. Aquela criança não tem que estar ali, e nas ASSEMAs ela pode realmente ser uma criança”.

Segundo a assistente social, Edvandra Saldanha, o trabalho de conscientização das famílias é complicado, pois, em muitos casos, envolve uma questão cultural: “Porque é mais fácil um adulto dar dinheiro para uma criança, do que dar para uma pessoa adulta, que não quer se ajudar, não quer trabalhar, não quer buscar melhores condições para a família”, declara.

Se, mesmo após várias tentativas, não houver o comprometimento da família do menor para que ele deixe as ruas, freqüente a escola e as ASSEMAs, a última alternativa é encaminhar o caso à promotoria. Conforme for a situação da criança, os pais podem perder a guarda temporariamente, e o menor ser encaminhado para um abrigo.


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