quinta-feira, 18 de junho de 2009

Favos do Sul: o talento das mulheres são-borjenses

Por Chaiane Gomes e Karin Franco

A Favos do Sul é uma cooperativa formada por mulheres artesãs que, inicialmente, não contavam com nenhum apoio financeiro e, atualmente, comercializam seus produtos para todo o país e até para o exterior.

A iniciativa de confeccionar produtos usando favos, como aqueles encontrados nas bombachas dos gaúchos, foi uma idéia do designer Renato Embroisi, com o apoio de uma consultora do Sebrae. O objetivo do designer era transpor a arte e a técnica usada nas bombachas para a decoração, pois detectou que a técnica dos favos de abelha estava sendo esquecida e, no momento, não estava sendo usada em nenhum outro produto, a não ser nas bombachas.

Após convocar reunião com todas as artesãs são-borjenses, descobriu que a grande maioria sabia trabalhar na confecção de favos. Assim, em 2002, surge a Favos do Sul que, inicialmente, era um grupo e recebia apoio da Prefeitura, da Associação Comercial de São Borja (Acisb) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que ministravam cursos às artesãs. Somente em 2006 foi constituída como cooperativa, passando a ser administrada pelas próprias participantes.
As artesãs confeccionam colchas, almofadas, cortinas e acessórios (bolsas, cachecóis) usando essa técnica. Recentemente, começaram a produzir para a coleção do famoso estilista, Ronaldo Fraga. A divisão das tarefas é feita igualmente entre as mulheres, sendo que as funções são distribuídas conforme as habilidades de cada uma. Além disso, as artesãs têm a possibilidade de trabalhar em casa, pois todas possuem suas responsabilidades do lar. “Então a artesã pega o tecido, leva para casa e vai usar o seu tempo como ela melhor conseguir”, explica a artesã e presidente da Favos do Sul, Marisete Bernardi.

Segundo Marisete, no início, o grupo contava com uma média de 40 artesãs, porém muitas desistiram logo no início, já que o primeiro ano serviu apenas para treinamento, não havendo assim remuneração. “As mulheres saiam de casa, faziam cursos, treinavam o ponto e chegavam em casa sem dinheiro”, afirma a artesã. Hoje, a cooperativa possui 22 artesãs trabalhando: “Ficaram apenas as mais persistentes, as que acreditaram que o projeto iria dar certo”.

De acordo com Marisete, os maiores obstáculos enfrentados pela cooperativa é o de se manter no mercado e a falta de capital de giro, pois acredita que, atualmente, o artesanato está sendo bem valorizado e consiste em uma fonte de renda, por isso é preciso estar sempre inovando: “Você tem que sempre inovar e inovar é difícil. Quando a gente vai para alguma feira, por exemplo, em São Paulo, a primeira coisa que eles perguntam é: o que tem de novidade? Eles querem saber da novidade”, afirma.

A cooperativa não possui consultoria de designer, assim, na maioria das vezes, elas mesmas criam as peças: “Às vezes conseguimos consultoria com o Sebrae e a Acisb, mas,muitas vezes, nós mesmos criamos, pois não temos dinheiro para contratar um designer”, declara a presidente.
Além de São Borja, os produtos confeccionados são comercializados em Porto Alegre e estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe, dentre outros. Também exportam, sendo que a meta da cooperativa é justamente a exportação em larga escala, porém a falta de mercado ainda é um empecilho, pois “eles querem que o preço seja bem acessível, daí tem impostos e outras despesas...”, justifica Marisete.

Os produtos com a marca Favos do Sul participam de feiras, sendo a mais importante a “Paralela Gift”, que acontece em São Paulo, duas vezes ao ano e que as artesãs fazem questão em participar, pois a feira recebe visitas de lojistas de todo o país. No mês de maio, a Favos do Sul ganhou o prêmio Top 100, no Rio de Janeiro, um prêmio de abrangência nacional que contempla as 100 melhores unidades de produção de artesanato. Isso dá o direito da cooperativa usar o selo Top 100 até o ano 2010.

A artesã Neisa da Cruz sente orgulho ao relembrar a trajetória do grupo. “No começou a gente lutou, batalhou e acreditou, a gente chorou, a gente sorriu. Muitas vezes, a gente chorou achando que não iria dar certo. Muitas vezes, a gente madrugava para terminar alguns produtos, para mostrar no outro dia. Aprendemos muita coisa”, desabafa.

Muito mais do que um local de trabalho, a Favos do Sul é um local para as artesãs se divertirem e saírem da rotina doméstica. “Aqui é, ao mesmo tempo, é um local de trabalho e lazer, de se distrair, porque ser dona de casa é uma rotina. E quando a gente vem para as reuniões, é uma distração; ao mesmo tempo que a gente trabalha, a gente se diverte”, afirma a artesã Cláudia Peixe. “Nós nos consideramos vitoriosas, pois éramos apenas donas de casa e a gente consegue fazer a gestão do negócio”, completa Neisa.

2 comentários:

Anônimo disse...

sao guerreiras lutam por seus ideais deus esta com voces muitas vitorias virao abraços

Anônimo disse...

sao guerreiras lutam por seus ideais deus esta com voces muitas vitorias virao abraços