quinta-feira, 16 de abril de 2009

Automedicação: um hábito comum entre a população

Por Aline Donato e Bruna Bueno

O ato de se medicar sem o acompanhamento de um profissional de saúde pode agravar os efeitos colaterais de alguns remédios. O principal fator que leva as pessoas a praticarem essa ação é que, quando o sintoma aparenta ser simples, torna-se comum recorrer aos parentes ou amigos que já tiveram o problema e tomar o mesmo remédio utilizado por eles.

Um item relevante para que essa situação ocorra é o baixo poder aquisitivo dos indivíduos: uma vez que não possuem as condições necessárias de ter um plano de saúde ou de consultar com um médico particular, eles são levados a praticar a automedicação. A falta de dinheiro e a precária organização do sistema público de saúde não podem, unicamente, esclarecer o problema, pois ele também está presente nas camadas mais desenvolvidas da sociedade.

O clínico geral do Centro Municipal de Atendimento Especializado (CEMAE), de São Borja, Jorge Alberto Corrêa, considera que a deficiência do sistema público de saúde, o qual ainda conta com grandes filas para se conseguir uma consulta, não é o fator determinante da automedicação. “A questão da fila para consultar é um problema mundial, não é um problema brasileiro. Assim, a questão do tempo de espera não é o fator que determina isso. Eu acho que é por uma questão de hábito mesmo”, afirma o clínico.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), diversos são os riscos a que está exposto quem pratica a automedicação como, por exemplo, diagnosticar a doença incorretamente; usar uma dosagem insuficiente ou excessiva; utilizar o medicamento em tempo errado; tornar-se dependente e, principalmente, desconhecer as possíveis interações com outros medicamentos.

A universitária Vanessa Espindola conta que já praticou a automedicação. “Eu fiz isso porque estava com muitas espinhas. Um dermatologista me disse que, como eu não tive espinhas na adolescência, isso estava acontecendo agora e um anticoncepcional ajudaria a minimizar o problema. No lugar de ir a um ginecologista, conversei com minhas amigas e comecei a tomar um anticoncepcional que uma delas usava. A conseqüência de eu ter me automedicado foi ficar com meu ciclo menstrual desregulado por um período”, declara a jovem.

A presença de um farmacêutico nas farmácias também é importante, mas os profissionais não podem realizar uma prescrição, conforme ressalta o farmacêutico Lissandro Mendes Leães. “Em situação nenhuma nós podemos fazer isso. A prescrição de medicamento é somente realizada pela classe médica”.

O médico Jorge Alberto Corrêa acredita que a presença de um farmacêutico nas farmácias minimiza a prática da automedicação. “O farmacêutico, na verdade, não está ali para medicar. Ele está ali para orientar a venda do medicamento. É melhor ser atendido pelo farmacêutico do que pelo balconista, que não entende nada de medicação”.

Desde 2005, o Ministério da Saúde adota uma medida para auxiliar no combate à automedicação. Trata-se do fracionamento, onde o paciente leva para casa apenas a quantidade necessária para seu tratamento.

Na opinião da farmacêutica Fabiane da Silveira Olea, a medicação deveria ser vendida sob a dose, ou seja, de acordo com o número de comprimidos que o médico indicou. “Não deveria sobrar medicação. Compra uma caixa com vinte e toma dez. Outra pessoa está com alguma coisa parecida já vai lá e toma. As pessoas tinham que se conscientizar que o medicamento é droga e que a droga também tem seus efeitos, milhares de efeitos colaterais”, afirma.

Tanto o médico quanto os farmacêuticos acreditam que, a conscientização da população para que não utilize medicamentos sem a orientação adequada, pode ser feita através de campanhas informativas e pela presença de mais médicos nos postos de saúde. “Têm várias formas: com folder’s, cartazes, até através do teatro, fazendo uma apresentação e explicando o porquê da não automedicação, que é um assunto muito sério”, indica o farmacêutico Marcos Barbosa Malgarin

SAIBA ALGUMAS DICAS:
  • Guardar o medicamento em um local que não tenha muita umidade;

  • Conservá-lo na embalagem original;

  • Verificar o prazo de validade e a data de fabricação;

  • Ao ir a uma farmácia, converse com o farmacêutico responsável;

  • Nunca tome remédios sem a orientação de um médico.

  • Leia a bula antes de tomar um medicamento. Assim você fica sabendo quais as possíveis reações que o seu remédio pode lhe causar.

Nenhum comentário: